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Costuma-se dizer que por vezes é preciso perder algo ou alguém para que se dê a esse algo/alguém o devido valor, a isso eu acrescento que, às vezes, também é necessário parar para que depois se possa recomeçar de novo ou seguir caminho. Na nossa vida temos momentos de pura felicidade e outros de tremenda tristeza e até mesmo revolta, dias excelentes que terminam com a sensação de que vivemos realmente naquele dia e outros que culminam com um travo amargo, com o sentimento de que faltou mais vida, faltaram sorrisos, faltou dar de nós. Às vezes, no meio de tantos dias, é preciso parar. Este "parar" não se sucede necessáriamente a momentos menos bons da nossa vida, acontece por muitos outros motivos, e porque às vezes é efetivamente preciso parar um pouco. Quantas vezes olhamos à nossa volta e não vemos realmente o que nos rodeia? Quantas vezes ouvimos os outros sem realmente percebermos o que nos querem transmitir? Quantas vezes, no meio do nosso dia-a-dia agitado tiramos um momento só para nós, para nos ouvirmos, para nos mimarmos, para nos resolvermos connosco mesmos?!

Estive ausente do blogue durante alguns dias. O blogue é um cantinho pelo qual tenho imenso carinho e que gosto de manter sempre atualizado, contudo, nestes dias, senti que precisava de quebrar rotinas, de arriscar, de me desafiar. Foram dias em que, na verdade, não parei, mas em que aproveiter para colocar as ideias em ordem e para me resolver comigo mesma. Às vezes é preciso, sabem?! 

 

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publicado às 15:25

In "O Primeiro Voo" #3

por aesperaparavoar, em 06.11.15

Depois da morte do meu pai, um golpe duro na nossa família e na minha vida, as coisas continuaram a piorar progressivamente. A Clara nasceu e, apesar de toda a tristeza que estávamos a viver eu achei que aquele bebé viria ajudar a que nos restabelecêssemos e a que nos uníssemos ainda mais para lhe dar todo o carinho que um bebé recém-nascido precisa. A Clara nasceu muito pequenina, com pouco cabelo, era um bebé sereno, mas quando chorava era complicado acalmá-la. A presença dela trouxe-nos alguma vida mas naquela altura nenhum de nós estava capaz, psicologicamente, de a receber devidamente. Diria que estávamos todos muito revoltados.

A minha mãe entrou numa depressão profunda, uma depressão pós-parto e mais tarde tornou-se alcoólica. Ninguém conseguiu impedir. A avó Estela tratou da Clara como se fosse sua filha e eu tentei ajudar no que pude, mas também não estava bem, e ver a minha família destruir-se daquela maneira deixou-me completamente devastada. A minha mãe não conseguia estar perto da Clara durante muito tempo, vestia-se de negro e acordava sempre de mau-humor. Trancava-se no quarto, não dava hipótese de falarmos com ela nem sequer de chegarmos perto dela. O Francisco começou a fazer o que bem entendia e ninguém tinha mão nele. Entrava e saía às horas que queria, recusava-se a dar explicações dos sítios por onde tinha andado e também respondia mal a toda a gente. Creio que foi a sua forma de demonstrar que estava desiludido com a vida, que estava a sofrer.

A avó Estela foi o meu grande apoio durante todos aqueles meses e foi a única pessoa que me viu chorar, porque oficialmente eu era a única que ainda tinha alguma força para continuar a lutar.

 

 

Nota: O romance O PRIMEIRO VOO encontra-se disponível para venda em várias livrarias do país, bem como online, nomeadamente nas livrarias FNAC, Bertrand e WOOK. Caso o livro não esteja disponível de momento é possível encomendar.

Podem também adquirir exemplares comigo, e nesse caso o livro seguirá por correio, já autografado. 

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publicado às 19:46


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