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Um dia todos nós somos obrigados a sair do casulo e a arriscar um primeiro voo.
E se a alguns o tempo traz prosperidade, a mim brindou-me com fatalidades. Tinha de mim a imagem de alguém que sonha como uma criança, que imagina mundos para lá de paredes mágicas e que acredita em varinhas de condão. O tempo tornou-me alheia a tudo isso, ou talvez tenha sido eu a encarregar-me disso e lhe deite agora as culpas. Eu sonhava, sonhava muito. Eu queria ser mais. Mas por entre os sonhos e as vontades afogadas em sentimentos contraditórios, eu esqueci-me de lutar por mim. E desiludi-me. Deixei então que a minha zanga me prendesse a alguém que me impediu de continuar a pintar retratos alegres e me esvaziasse o interior. Foi assim que me tornei uma pessoa vazia, amarga, frustrada e vítima da minha batalha contra mim própria.
(Este excerto foi retirado de uma breve história que escrevi ("Memórias de um dia (in)esperado").