Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Um dia todos nós somos obrigados a sair do casulo e a arriscar um primeiro voo.
Hoje partilho convosco algo que já estava há algum tempo planeado falar-vos, mas que só agora achei que fizesse sentido fazê-lo.
Ora então...
No passado dia 15 de Fevereiro recebi um e-mail de uma estudante italiana, a Annalisa, uma jovem de 23 anos, muito simpática, estudante no Instituto Superior de Tradução e Interpretação da Universidade Alma Mater Studiorum de Bolonha, em Itália. Assim que comecei a lê-lo um sorriso surgiu no meu rosto. A Annalisa estava a escrever-me porque se interessou pelos meus livros e pelo meu percurso de escrita e queria escrever a sua dissertação final do terceiro ano do curso sobre mim e sobre os meus livros. Fiquei particularmente feliz quando me disse que me admirava e achava que os meus trabalhos mereciam ser reconhecidos também no estrangeiro.
A Annalisa enviou-me algumas perguntas cujas respostas gostava de ter para poder avançar com a dissertação e disse-me desde logo que faria também uma apresentação e análise de alguns dos meus textos, tentando traduzi-los para italiano. Fiquei radiante! Apesar de perceber muito pouco de italiano é uma língua que gosto imenso e que, inclusivé, eu gostava de aprender. Saber que alguém num outro país e com tantos temas disponíveis sobre os quais poderia escrever decidiu fazê-lo sobre mim e o meu trabalho encheu-me o coração e deu-me ainda mais vontade de continuar.
A Annalisa fez um trabalho excelente, de tal modo que fiquei impressionada e, confesso, comovida. Além de ter "investigado" muito bem o meu percurso, reunindo muitas "peças", sobe encaixá-las muito bem e construir o puzzle através da sua própria visão, mas, sempre de uma forma muito interessante.
Quando recebi a tese eu tinha consciência que ia ser um desafio lê-la, porque está praticamente escrita toda em italiano, mas, foi muito engraçado perceber que, ao longo das mais de 30 páginas que a constituem, eu consegui perceber grande parte do que estava escrito, e fascinei-me ao ler alguns dos textos traduzidos para italiano.
Dei por mim a agradecer à Annalisa por tudo, e embora ela diga que quem tem de agradecer é ela, fico-lhe muito grata pelos sorrisos que me roubou com esta sua dissertação, por "me ter escolhido" e pelo belíssimo trabalho que realizou. Obrigada!
Daquelas músicas... boas músicas!
Embora para mim o verdadeiro significado do Natal não esteja nos presentes, tal como referi no post anterior, é sempre aconchegante receber miminhos, sobretudo quando eles nos são oferecidos com carinho e não por sentimento de obrigação. Quando era miúda delirava imenso com o facto de ver aparecer os embrulhos debaixo da árvore, cheia de curiosidade para descobrir o que estava dentro deles. Lembro-me do entusiasmo com que aguardava a chegada da meia-noite para poder começar a abrir cada um dos presentes e da felicidade desapercebida com que o fazia. Hoje em dia já não é bem assim, até porque os meus "presentes" são quase todos comprados por mim, à medida que preciso deles. Acho que quando somos nós a gerir o nosso dinheiro somos automaticamente obrigadas a fazer uma gestão muito mais cuidadosa e pessoalmente julgo que isso é uma ótima lição para a nossa vida futura. Ainda assim, da família surgem sempre alguns miminhos, e às vezes, mesmo que seja apenas uma "lembrançinha", é bom ver que as pessoas me conhecem e que conseguem ir de encontro aos meus gostos.
Hoje recebi um presente. Já não tenho por hábito esperar pelo dia 24 para abrir os embrulhos uns a seguir aos outros. A maior parte vou-os abrindo à medida que me são oferecidos. Recebi um livro de uma autora que não conheço, Juliette Fay, e fiquei bastante curiosa para o ler, por isso, é capaz de ser a minha próxima leitura.
No passado dia 10 de Outubro tive oportunidade de apresentar o meu livro O Primeiro Voo no Munda Lusófona 2015 "Especial Freguesias" em Reveles, onde fui muito bem recebida. A apresentar os seus livros estiveram também as escritoras Tânia Gomes e Olinda Beja, que foi um prazer conhecer!
Em suma foi uma tarde de partilhas (literárias e não só) que se revelou muito especial pela forma como fomos acolhidas, mas, também pelo facto de, pertencendo a faixas etárias muito distintas e a estilos de escrita tão diferentes, conseguirmos levar ao público um denominador comum: o gosto pela escrita, pelas palavras, pelos livros.
Aproveito para agradecer à minha amiga Lu(rdes) Breda pelo convite e, como não podia deixar de fazer, dar-lhe os meus parabéns pelo seu empenho e dedicação!
Pois é, últimamente o tempo voa e não tenho tido tanto tempo para dedicar à leitura como gostaria - já se previa, mas, há sempre esperança - contudo, aproveito esta altura do ano (perto do Natal) para começar a ver as novidades que surgem em termos de novos livros e de novidades no que toca a traduções de autores que costumo ler com frequência. Como sou parceira da wook e sou cliente assídua da bertrand, recebo constantemente no meu e-mail as novidades acabadas de chegar e, por vezes, sinto-me extremamente tentada. Para mim investir dinheiro em livros não é, de todo, empregar mal o dinheiro, mas a verdade é que uma pessoa que gosta tanto de ler como eu, tem de se controlar. Costumo aproveitar as chamadas "épocas festivas" para me mimar com aquilo a que chamo "de mim para mim" e, salvo raras excepções, isso incluí sempre um livro (pelo menos um). Ainda faltam 3 meses para o Natal, mas, este ano já estou mais do que decidida em relação aos livros que pretendo mesmo adquirir/ler e decidi partilhar isso convosco. São 10 títulos na "wishlist", mas, vão ser adquiridos com algum espaçamento, para o impacto não ser tão grande (na carteira).
Aqueles que estou mesmo curiosa/ansiosa (como quem diz "mortinha") para ler são:
1. A Rapariga no Comboio, de Paula Hawkins
Este é um livro que já quero ler há imenso tempo. Já ouvi falar muito bem dele e, pelas páginas que pude ler no Wook, fiquei completamente rendida. Acho que era impossível não ficar.
"Todos os dias, Rachel apanha o comboio... No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada.
Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos."
2. De Amor e Sangue, de Lesley Pearse
A ASA voltou a publicar - muito recentemente - mais um livro da Lesley. Quem já segue o blogue há algum tempo sabe que Lesley Pearse é das (senão "a") minhas autoras favoritas. Gosto imenso da forma como (d)escreve as suas personagens e histórias. Tenho todos os livros que estão já publicados em Portugal, com exceção deste, por isso, vai mesmo ter que ser...
"Somerset, 1836.
A recém-nascida Hope é a prova viva do adultério da mãe, a aristocrata Lady Harvey. A sua chegada a este mundo não é festejada e as lágrimas em seu redor não são de alegria. Imediatamente arrancada àquele meio privilegiado e entregue nas mãos dos Renton, uma família pobre mas acolhedora, Hope cresce sem saber a verdade sobre as suas origens. E quando chega o dia em que também ela tem de começar a contribuir para o sustento da família, é precisamente para os Harvey que trabalha. Deslumbrada perante a mansão luxuosa, a elegância dos seus patrões e a beleza que os rodeia, Hope enfrenta com brio e gratidão a extenuante rotina de trabalho.
Mas a descoberta de uma ligação proibida vai lançá-la sozinha para as ruas, para uma vida de miséria e solidão. É na adversidade, porém, que descobre uma força interior que desconhecia, bem como um talento para ajudar os mais fracos. Trata-se de um dom que não passa despercebido ao Dr. Bennett, que a leva consigo para a Crimeia, para ajudar a tratar dos feridos vindos dos sangrentos campos de batalha. Mas os segredos do passado teimam em vir ao de cima, e Hope tem ainda um longo caminho a percorrer na tentativa de enfrentar o legado do seu nascimento."
3. As Gémeas do Gelo, de S. K. Tremayne
O que mais me fascina mais neste livro é o facto de ser uma história completamente diferente de todas as que já li, e é por isso mesmo que estou tão curiosa para o ler, por isso, e porque e estou igualmente muito expectante quando à escrita de Tremayne, um jornalista que já assinou textos para conceituados jornais como o Times, o Daily Mail, o Sunday Times e o Guardian.
"EU SOU A KIRSTIE
EU SOU A LYDIA
EU SOU CONFIANTE E ANIMADA
EU SOU PENSATIVA E SOSSEGADA
EU ESTOU VIVA
EU ESTOU MORTA
QUAL DELAS SOU?
Lydia e Kirstie tinham 6 anos e eram gémeas idênticas. Quando Lydia morre acidentalmente na queda de uma varanda, os pais mudam-se para uma pequena ilha escocesa, na esperança de reconstruírem, com a filha que lhes resta, as suas vidas dilaceradas.
Mas um ano depois, a gémea sobrevivente acusa os pais de terem cometido um erro e afirma que quem caiu da varanda foi Kirstie e não ela.
Na noite em que uma tempestade assola a ilha e deixa mãe e filha isoladas, elas dão por si a serem torturadas pelo passado e por visões inexplicáveis, que quase as levam à loucura. O que terá acontecido realmente naquele fatídico dia em que uma das gémeas morreu?"
Boa noite!
Depois de um dia muito chuvoso e desagradável para quem teve de andar fora de casa, passo por aqui para deixar uma pequena partilha.
Hoje pediram-me que autografasse o meu romance "O Primeiro Voo" para oferecerem a uma familiar. Como sempre, gosto de escrever, na primeira página, uma frase ou pensamento meus e só na segunda o dito autógrafo.
A mensagem que deixei hoje, na tal primeira página, foi muito simples, mas é nela que me inspiro muitas vezes no meu dia-a-dia, daí tê-la partilhado com a leitora em questão.
Dizia:
Apesar de nem sempre a vida correr como gostávamos, ou até como sonhámos, temos sempre nas nossas mãos o poder de mudar a história se realmente não queremos que ela seja a nossa.
Para que um sonho se concretize não basta desejar, é preciso acreditar, tentar, e não desistir.
Não é por acaso que este blogue se chama O Diário De Uma Borboleta. Desde muito pequena que, ingénua, tenho o sonho de voar, tal e qual borboleta.
A primeira vez que andei de avião senti um pouco como se fosse voar e delirei. Achei que era o máximo poder estar acima das nuvens e ver o mundo cá em baixo, e só depois descobri que gostava de ir ainda mais para além daquilo. Queria saltar de paraquedas e sentir, eu mesma, a sensação de voar e de estar lá em cima, mas desprotegida do conforto do avião, tal e qual pássaro ou borboleta. Tinha 13 anos e nunca mais me esqueci. Saltar de paraquedas tornou-se um sonho, um sonho muito especial.
Para ser sincera, sempre fui pouco dada a medos. Tenho alguns receios, mas não tenho medos em concreto. Adoro desportos radicais e tudo o que se lhes assemelhe. Gosto de sentir adrenalina e de não me deixar afetar por medos nem "e se's" (acho que nisso saí um pouco ao meu pai, que também gosta destas coisas!).
Depois de muitos anos a falar nisto, o meu pai decidiu oferecer-me, como prenda de aniversário, um salto de paraquedas. Fiquei feliz da vida! Fiz anos em Junho e o salto foi marcado para o dia 6 de Setembro (domingo passado), e eu não via a hora desse dia chegar... Mas ele chegou!
Desde que cheguei ao aeródromo de Évora, onde se encontra localizada a Skydive, que senti uma felicidade enorme. Depois de me equipar e de uma pequena aula com o meu instrutor, o Pedro, percebi que estava na hora de voar e senti-me com um misto de descontração e adrenalina que não consigo descrever. Estive sempre ali com o intuito de me divertir e nunca me vieram à cabeça outros cenários.
Depois de 20 minutos de subida até aos 4200 metros de altura e de termos até visto um tornado lá de cima, chegou o momento de saltar. O meu pai também saltou (foi muito bom poder partilhar este momento com ele), aliás, foi o primeiro a saltar por motivos técnicos, e só depois, cerca de 30/40 segundos, saltei eu... É indescritível a sensação de ficarmos sem chão, de nos atirarmos e depois, quando o paraquedas abre, aquele momento de silêncio total... parece que somos apenas nós e o mundo, e sente-se uma paz, uma alegria que não consigo transcrever por palavras. Senti-me a voar e adorei. Gostei sobretudo do momento em que o Pedro (não podia pedir melhor instrutor) me deixou ser eu a comandar o paraquedas, foi inédito e sei nunca mais me irei esquecer. Diverti-me imenso e fui muito feliz durante todos aqueles minutos no ar. Tenho plena consciência de que não pensava duas vezes em repetir novamente esta experiência, aliás, tenho quase a certeza de que isso irá acontecer um dia mais tarde.
Desafio superado, aprovado e recomendado!
Recordo cada detalhe de ti. As recordações fazem-me esboçar um sorriso. Estou tão agradecida por te ter conhecido.
Tem dias em que saudade é tanta que o coração se sente apertado, pequenino demais. Tu já não estás aqui ao pé de mim, mas, eu tenho-te em mim. E não imaginas como fico feliz por ter tido oportunidade de te ter na minha vida. Só isso já me permite apaziguar o vazio que sinto pela falta que me fazes. É... Eu preencho-o com as tuas gargalhadas, com o brilho do teu olhar, com o calor que as tuas mãos me transmitiam, com os abraços demorados e os mimos que me faziam sempre sentir uma garota pequena num colo tão aconchegante como o teu. Memórias doces que guardo em mim. Lembranças que continuam tão presentes, mesmo tendo passado já tanto tempo. São elas que tornam a distância que nos separa um pouco mais suportável, e que me fazem ter a certeza de que, embora longe, continuas viva no meu coração.
O amor não morre nunca, muito menos este amor que sinto por ti - por quem foste (sobretudo por quem foste para mim), e por todos os momentos que partilhámos.
Obrigada,
por teres sido forte até ao fim,
pelas lições que me ensinaste mesmo sem saberes,
pela felicidade com que sempre me abraçavas,
pelo carinho e ternura com que os teus olhos me olhavam,
pela doçura das tuas palavras,
pelas gargalhadas com que brindaste,
e por todos os sorrisos que me roubaste,
pelo aconchego do teu colo,
e pela paciência com que brincavas comigo.
Não me esqueço,
guardo tudo isto no meu coração e na pessoa que sou,
"isto" que, no fundo, não é mais do que amor.
Sempre foi uma paixão minha. Escrever sobre tudo e mais alguma coisa. Escrever. É um refúgio para a alma. A escrita não nos julga, não nos ralha, não se zanga se dissermos alguma coisa que não devemos. Ouve-nos e absorve o que dizemos, guarda tudo para ela e não conta a ninguém. É como se fosse um segredo.
A escrita faz parte de mim, mas, mais do que isso, eu faço parte dela. E faço dela colega. Reconheço tudo o que escrevo e descrevo, porque tudo isso sou eu, mesmo que a personagem seja outra. Enquanto escrevo vivo cada palavra e imprimo nos outros, aqueles sobre quem escrevo quando não escrevo exclusivamente sobre mim, um pouco do que já vi e ouvi, e faço meus os sentimentos deles e deles os meus. E às vezes é através da escrita que comunico comigo, sem verdades absolutas nem mentiras comprovadas, sem certezas. É um mundo paralelo, um mundo que é meu, e onde só entra quem eu deixar.
Um dia disseram-me que todos nós temos um dom. Não discordei, talvez toda a gente há minha volta tivesse realmente um, toda a gente excepto eu. Demorei muito até compreender se teria ou não algum dom, não o procurei, mas tinha curiosidade de o descobrir. Foi então que percebi que talvez eu já o tivesse encontrado e não tinha dado conta, e talvez esse dom fosse o de escrever, e usar a escrita como uma catarse.
Escrevo páginas e páginas de memórias, umas minhas, outras herdadas. E umas mais abstratas que outras. Mas todas elas são importantes e todas elas me fazem pensar. E faz-me bem sair da minha pele por alguns instantes e pôr-me na pele dos outros. Viver a vida deles como se fosse a minha e experimentá-la. Aprendo com isso. É por isso que continuo a escrever. E escrevo.
in "O Primeiro Voo"